Da Europa para o mundo, eis que chega o currículo oculto. Aqui no Brasil, ele é conhecido como “currículo às cegas”. Porém, “às cegas” é uma expressão capacitista porque representa o uso indevido de um diagnóstico de forma pejorativa.
O currículo oculto tem como principal objetivo ampliar a diversidade e dar menos espaço ao preconceito no mundo corporativo. Mas o que o torna diferente de um currículo tradicional?
Esse formato não tem as informações pessoais de quem se candidata a uma determinada vaga. Isso ajuda a combater qualquer tipo de viés inconsciente na hora da seleção.
Transformando o curriculum vitae em currículo oculto
Em termos gerais, a estrutura desse tipo de currículo é a seguinte:
1 – Nome x gênero
Começando pelo nome, ele aparece abreviado. O indicado é usar as iniciais do nome para evitar a identificação de gênero. Por exemplo, se a candidata chama-se Mariana Silva, no currículo oculto fica como M. Silva. Essa “regrinha” também se aplica em caso de nome composto.
O endereço de e-mail também não deve informar o gênero – e provavelmente você precisará criar um novo seguindo a mesma linha de raciocínio na hora de abreviar o nome.
Se o currículo tem o link do perfil no LinkedIn, pode remover – assim como os de outras redes sociais.
2 – Dados pessoais x gatilhos
Foto, idade e data de nascimento não são inseridos no currículo oculto. Afinal, podem ser “gatilhos” para que quem faz o recrutamento elimine a pessoa antes mesmo de conhecê-la.
O telefone está liberado.
3 – Não informe o nome das instituições
Para muitas empresas, a instituição de ensino ainda é um fator determinante para convidar uma pessoa ou não para participar de um processo seletivo. Por isso, não informe o nome da faculdade onde você estudou. E nem das escolas pelas quais passou.
Cite o nome dos cursos, isso basta.
4 – Foque em skills e nas experiências profissionais
Eliminando todo e qualquer possível “gatilho” que possa ser conectado a algum preconceito, seu currículo deve brilhar e focar em suas habilidades e experiências profissionais.
Destaque sua competência e seu talento. Não esqueça de incluir trabalho voluntário no currículo oculto.
Principais vantagens de um currículo oculto
Igualdade de gênero
Quando não há gênero listado no currículo, a empresa recrutadora não pode rejeitar ou selecionar uma pessoa tendo esse ponto como critério.
Sem discriminação de idade
Normalmente, aqueles que são mais experientes têm dificuldade em entrar no mercado de trabalho, devido à discriminação por idade.
Por outro lado, os mais jovens também podem sentir essa mesma dificuldade, pois, em alguns casos, são considerados sem maturidade ou experiência.
No entanto, sem saber a idade da pessoa que concorre à vaga, a empresa é “forçada” a convidá-la para participar do processo seletivo com base nas habilidades e experiência.
A aparência física não é um fator
A aparência física ou a imagem de uma pessoa não devem influenciar sua candidatura. Embora, para alguns empregos, a aparência física seja um dos principais fatores que contam na contratação, como é o caso de trabalhos como modelo e host. Nessas situações, um currículo oculto não deve ser usado.
Mudança de mindset
As equipes de trabalho não são as únicas que se beneficiam do currículo oculto. A empresa começa a adotar uma nova forma de atuar, concentrando-se mais nas qualidades e competências, ao invés de idade, aparência ou gênero.
Conclusão
O currículo oculto ainda é pouco adotado no Brasil, mas está crescendo. Se você tem interesse em receber convites para participar de processos seletivos pela sua competência, vale deixar o currículo formatado com essas dicas.
Se você optar pelo currículo oculto, na hora de enviá-lo, é importante esclarecer no corpo do e-mail que você está aderindo a esse formato e o porquê da escolha.
Como muitas empresas ainda não estão acostumadas a receber desse currículo, não ter uma justificativa pode causar estranheza e eliminá-lo justamente por “não haver informações suficientes”.
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