Automatização nos processos de RH, visão ampliada sobre a experiência e conversas frequentes sobre modelos de trabalho foram os tópicos citados no meu primeiro texto sobre temas importantes para o RH em 2023. Se você não leu, volte para o artigo e depois continue a leitura deste — lá no outro post, eu dou alguns alertas sobre conteúdos focados em tendências.
Agora, se você já está inteirado do assunto, siga em frente para conferir mais três assuntos que valem ser debatidos dentro da sua organização. A implantação ou não depende da realidade da sua empresa, claro. Mas cabe pelo menos estudar os temas para entender melhor as pautas que devem ser discutidas nos próximos meses.
- Necessidade crescente de upskilling e reskilling
O ano de 2030 não é só um marco para o alcance dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável, da ONU. É também quando a disputa por talentos deve chegar ao auge.
Segundo um relatório global da Korn Ferry, até 2030, mais de 85 milhões de empregos podem não ser preenchidos porque não teremos pessoas qualificadas o suficiente para assumi-los.
Considerando tal previsão, investir agora em treinamentos que garantam não só a atualização de conhecimento, mas o desenvolvimento de novas competências e habilidades é urgente. Serve como uma forma de manter a empresa competitiva, de preparar os negócios para as demandas futuras e também de investir na retenção de profissionais.
Afinal, como bem mostrou nossa pesquisa Carreira dos Sonhos, proporcionar experiências que apoiam o crescimento profissional é um dos três aspectos mais valorizados no trabalho por jovens, média gestão e alta liderança. Inclusive, quando perguntado sobre o que a liderança poderia fazer mais ou melhor, tanto o grupo jovem quanto o da média gestão indicaram o maior apoio para o autodesenvolvimento contínuo das pessoas.
Se você ainda tem dúvida sobre a importância de olhar para as iniciativas de aprendizado contínuo dentro da organização, vale lembrar das previsões do Fórum Econômico Mundial: ter uma estratégia de talentos é fundamental para antecipar as necessidades futuras e para que as empresas permaneçam resilientes diante dos eventos econômicos adversos, se protejam contra imprevistos e estejam prontas para novos desafios.
Quem me conhece sabe que eu sou uma eterna otimista, então, meu objetivo aqui não é assustar ninguém, mas conscientizar sobre a importância de ampliarmos nosso conhecimento sempre! Como expliquei em outro artigo, investir em upskilling e reskilling não é “bondade corporativa”, mas uma ação para garantir o futuro da empresa.
- Eficiência na gestão e sustentabilidade na produtividade
O desenvolvimento dos talentos mencionado anteriormente não se limita a quem está entrando no mercado de trabalho — vale também para aqueles que estão em cargos de liderança há pouco ou muito tempo.
Ano após ano, pesquisas apontam para a necessidade de transformar a mentalidade da gestão, principalmente no que diz respeito à inovação e à tecnologia. Não se trata de ter o último celular ou uma casa inteligente com sistemas integrados. A questão é entender e dominar conceitos para ajudar a empresa a avançar. É refletir sobre como as ferramentas atuais podem tornar os produtos ou serviços mais eficientes e até como esses recursos podem deixar a própria gestão melhor.
Lembre-se: o caminho, como expliquei no primeiro artigo, não é adotar Inteligência Artificial no feedback para “se livrar” dessa obrigação. A ideia é usar as tecnologias disponíveis para otimizar processos, mas sem perder a humanidade.
E é esse mesmo raciocínio que precisamos aplicar na produtividade. Décadas atrás, quando se falava na revolução das máquinas, o sonho era que os aparatos tecnológicos fossem ajudar os humanos a ter mais tempo. Mais tempo para desenvolver a criatividade, mais tempo para testar ideias, mais tempo livre.
Contudo, o que a pesquisa Carreira dos Sonhos tem mostrado há algumas edições é que as pessoas estão mais — e não menos — cansadas. Na percepção de quem respondeu o questionário, houve uma piora no bem-estar emocional, na sensação de sobrecarga e de exaustão.
Outros estudos também apontam para esse mesmo fenômeno, o que me parece um convite para uma conversa franca sobre o preço da produtividade atual. Será que ela é sustentável? Será que ela está fazendo bem para as pessoas e os negócios?
Todos esses questionamentos nos levam ao último tema desta lista, que é…
- Responsabilidade compartilhada sobre a saúde mental
Lá atrás, quando comecei a falar sobre gestão de talentos, era comum que eu fosse chamada para conversar apenas com o time de RH. Afinal, era essa equipe a única responsável por isso. Só que “pessoas” é um assunto de todo mundo, do RH à liderança, do estagiário ao C-level, o assunto interessa e diz respeito a todos.
Da mesma forma, a saúde mental.
Não se engane achando que basta deixar essa missão apenas nas mãos dos profissionais de Recursos Humanos. As iniciativas podem até funcionar por um período, mas, se não contarem com o envolvimento verdadeiro de todos, vão perder força com o tempo.
Prova disso é que, por mais que tenhamos incluindo o tema no nosso calendário de conteúdo corporativo, as pessoas continuam a apresentar sinais preocupantes. Aumentam os casos de depressão, burnout, ansiedade…
Por isso, acredito que algo importante para ficarmos de olho em 2023 é o quanto toda a liderança, do C-level aos cargos de supervisão, está engajada no tema, como ela contribui, na prática, para a construção de um ambiente mais saudável, como esse trabalho em parceria com o RH está sendo medido.
Eu sei, todos esses seis temas que compartilhei são complexos, demandam muito estudo e discussão, mas, eu garanto, eles valem a pena. E, veja bem, estamos só no começo de 2023, temos muito tempo pela frente para trocarmos dicas de leitura, ideias e pensamentos.
Aproveite e deixe a sua dica aqui para mim. Afinal, juntos conseguimos aprender mais e irmos mais longe.
Boa jornada para todos nós neste novo ano!
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